Os ventos de aproximadamente 80 km/h registrados em Holambra no último sábado, 22 de novembro, provocaram a queda de 40 árvores em diferentes regiões da cidade. Os dados são da Defesa Civil Municipal, que atuou entre o fim de semana e o início desta semana para remover troncos e galhos, liberar vias e reduzir riscos ao tráfego e aos moradores.
De acordo com o banco de dados da Defesa Civil do Estado de São Paulo, a intensa rajada de vento ocorreu por volta das 15h. Segundo o diretor municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Mario Sitta, as equipes já removeram todas as árvores que obstruíam a circulação. “As que estavam obstruindo passagem foram todas removidas, ainda estamos com uma equipe fazendo a retirada de galhos e de troncos. Agora, gradativamente faremos a reposição, isso é o que fazemos sempre que acontece esse tipo de evento de vendaval.”

Sitta explica que o município possui diretrizes específicas para o manejo urbano. “O município possui diretrizes para manejo, plantio, poda e supressão de árvores em áreas públicas, sempre orientadas por critérios ambientais e de segurança. Todo o trabalho é conduzido pelo Departamento Municipal de Meio Ambiente, que realiza vistorias periódicas, atende solicitações da população e atualiza continuamente os procedimentos conforme normas ambientais vigentes.”
Ele reforça ainda as orientações à população em casos de queda. “Em situações de queda de árvores ou galhos, a orientação é priorizar a segurança: manter distância da área afetada, evitar contato com estruturas danificadas, especialmente fiações, e acionar imediatamente os órgãos competentes. Os moradores devem entrar em contato com a Defesa Civil de Holambra, por meio do 199, ou com a Guarda Municipal, pelo 153, para que as equipes realizem a avaliação e o atendimento adequado.” Solicitações preventivas, como pedidos de vistoria de árvores, também podem ser feitas junto ao Departamento Municipal de Agricultura e Meio Ambiente.

Causas e prevenção: especialista alerta para manejo adequado e impactos climáticos
Para entender por que tantos tombamentos ocorreram simultaneamente, o biólogo e especialista em ecologia e manejo Geraldo Eysink aponta que a combinação de fatores ambientais e falhas estruturais no ambiente urbano pode contribuir para episódios como o ocorrido, sem que isso signifique que tais condições estejam necessariamente presentes no episódio registrado em Holambra.
Segundo ele, cortes de raízes durante obras, compactação do solo, podas inadequadas e escolha incorreta das espécies são fatores frequentes de fragilidade. “A queda simultânea de múltiplas árvores geralmente resulta da combinação de fatores ambientais e falhas de manejo urbano. Entre os principais fatores estão sistemas radiculares comprometidos por cortes de raízes durante obras, implantação de calçadas ou enterramento inadequado de redes subterrâneas. Outro fator relevante é o solo ser compactado, reduzindo oxigenação e dificultando o crescimento saudável das raízes.”
Ele acrescenta que a idade das árvores, o histórico de podas e o espaço insuficiente para desenvolvimento contribuem para a instabilidade. “Para tal, devemos realizar um diagnóstico de cada árvore e avaliar o risco de tombamento. Também abrir mais espaço ao redor de cada árvore e evitar cimentar a calçada até o tronco, o que deixa as árvores mais suscetíveis.”

Eysink destaca que eventos climáticos extremos têm se tornado mais frequentes e potentes. “Estamos alterando a natureza e ela simplesmente responde a isso. Ventos extremos estão sendo cada vez mais frequentes e com força cada vez maior. Esses ventos fortes exercem uma força mecânica capaz de derrubar árvores com copa densa, em especial quando as raízes são superficiais e pouco desenvolvidas. As chuvas intensas também colaboram na saturação do solo, diminuindo ainda mais a estabilidade da árvore.”
Para reduzir riscos futuros, o especialista defende um programa contínuo de gestão arborícola. “É essencial um programa contínuo de gestão arborícola com monitoramento da saúde das árvores, cadastro georreferenciado, diagnóstico e prevenção por meio de correção de adubação, controle de pragas, proteção das áreas de raízes e substituição de indivíduos inadequados.”
Ele reforça que, apesar dos desafios, arborizar cidades continua sendo fundamental. “Isso, em absoluto, não significa que não devemos arborizar áreas urbanas, pelo contrário. Árvores urbanas são essenciais, mas temos que fazer a escolha, o plantio e a manutenção com critérios técnicos e com responsabilidade”, alerta.





